O antigo piloto angolano Guilherme dos Santos, que integrou a primeira tripulação do avião Antonov-26 responsável pela transportação do Presidente António Agostinho Neto na viagem histórica a Kinshasa, em 1978, foi uma das figuras de destaque do segundo e último dia da sexta Cerimónia de Outorga da Medalha Comemorativa dos 50 anos da Independência Nacional, orientada, terça-feira (30 de setembro), pelo Presidente João Lourenço.
Quis o destino que, na sessão de condecoração que homenageou o Herói Nacional e Fundador da Nação, António Agostinho Neto, e os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, o país distinguisse uma das personalidades que conviveu com o primeiro Presidente da então República Popular de Angola.
Guilherme dos Santos não conseguiu esconder a emoção, após receber das mãos do Presidente João Lourenço a medalha que simboliza o reconhecimento pelo valioso contributo ao desenvolvimento da aviação militar angolana.
“É um estímulo que eu esperava há muito. Veio um bocado tarde, mas sempre valeu a pena. Lembro que eu fiz parte da tripulação que levou Agostinho Neto a Kinshasa, uma história que ficou para sempre na memória”, contou visivelmente emocionado.
Acompanhado da filha, Yara Catila, o antigo piloto disse que fez parte de missões presidenciais e diplomáticas, incluindo, também, o transporte de Manuel Pinto da Costa, então Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, para a República Federal da Nigéria. Hoje, com 70 anos, Guilherme dos Santos recorda como fotos, guardadas na memória, os tempos em que, mais jovem, pilotava, com responsabilidade e espírito de missão, aeronaves com missões presidenciais, com realce para uma história notável na área da aviação militar.
O antigo piloto iniciou a carreira em 1974, na Base Aérea da OTA, em Portugal, especializou-se em aeronáutica e optou por servir Angola, integrando as FAPLA e, logo depois, a recém-criada Força Aérea Popular de Angola/ Defesa Anti-Aérea (FAPA/DAA).
Observou, ainda, que actuou em operações de transferência de tropas em cenários de combate em regiões como o Cuíto Cuanavale, no Kuando Kubango.
Entre outras acções e realizações, Guilherme dos Santos participou, também, numa formação intensiva, na então, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e foi co-fundador da primeira escola de instrução de tripulantes angolanos, tendo ajudado, ainda, a formar dezenas de técnicos e pilotos, garantindo a continuidade da aviação militar.